Na década de 1980, na favela da Maré, resistiam bravamente diversas colônias de pescadores. Resistiam porque a poluição, decorrente da aglomeração urbana, matou a vida marina da Baía de Guanabara, acabando com o sustento daqueles trabalhadores. A esperança, para eles, não vinha mais do mar, nem, tampouco, das antenas de TV, que se difundiram nas casas populares naquela época, transmitindo aos pobres suas ilusões e falsas promessas.
A música mostra as contradições da cidade, através da incongruência entre o simbolismo de um Cristo Redentor de braços abertos e um sistema excludente que repele e marginaliza os mais pobres.
O drama da favela da Maré, cantado em Alagados, é o drama de todo povo pobre, esfarrapado e excluído. Seja no Rio de Janeiro, seja em Trenchtown, favela no subúrbio de Kingston, Capital da Jamaica, onde viveu Bob Marley.
Os Paralamas do Sucesso souberam musicar com genialidade, e transformar em um som animado e vigoroso, o drama de pessoas que vivem à margem do Estado, em moradias precárias, com instalações improvisadas.
Alagados
(Herbert Vianna, Bi Ribeiro, João Barone/1986)
Intérprete: Os Paralamas do Sucesso
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
A esperança não vem do mar
Nem das antenas de TV
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Mas a arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em quê
A arte de viver da fé
Só não se sabe fé em que.